Você sente que chegou o momento de realizar o sonho da maternidade?
Os tratamentos de repordução assistida não são feitos a esmo, sem que haja uma análise cuidadosa do médico, que está em constante diálogo com o casal. É muito importante que se leve em conta todos os fatores que podem, ou não determinar o sucesso da gravidez. Por isso, mesmo que, em termos gerais, se deva esperar um ciclo menstrual para uma nova tentativa, é de suma importância que o especialista verifique a particularidade de cada caso.
O que as pesquisas acerca da medicina reprodutiva apontam é que o número de tentativas para engravidar estão essencialmente ligados à idade. Quando está no ápice de suas funções reprodutivas, até os 35 anos, a mulher pode engravidar na primeira ou segunda tentativa, em média.
Após essa idade, a reserva ovariana já se encontra em declínio e a qualidade dos óvulos pode ser mais baixa, gerando embriões não muito sadios, que podem não se fixar no útero e evoluírem para um aborto quando implantados. Esses fatores aumentariam a quantidade de vezes em que se precisa recorrer aos tratamentos para engravidar.
Contudo, estamos falando em termos gerais. É importante esclarecer que não é impossível que uma paciente jovem, entre 20 e 30 anos, tenha que recorrer a mais de duas tentativas ou que mulheres com mais de 35 engravidem na primeira fertilização. Cada caso é um caso, e técnicas avançadas de reprodução assistida conseguem hoje diminuir o número de tentativas pela acuidade com que selecionam as melhores células e os melhores embriões a serem transferidos ao útero materno. Muitos fatores não podem ser excluídos, como a fertilidade do parceiro e as condições do aparelho reprodutivo.
Nem sempre a paciente precisará passar por todas as etapas do tratamento novamente, caso ele não funcione como esperado. Apesar das medicações de estímulo hormonal serem seguras, não há necessidade de esperar entre 10 a 15 dias para coletar os óvulos e então fertilizá-los toda vez que outro ciclo precise ser feito. Existem casos onde é possível o congelamento de embriões excedentes e estes podem ser transferidos para o útero em diferentes ocasiões, após o médico avaliar o porquê da falha na última tentativa.
Hoje,não existem evidências de que os tratamentos, quando feitos repetidas vezes, possam causar danos à saúde. As medicações utilizadas apenas induzem artificialmente a ovulação. O que acontece com frequência é a retenção de líquido, algo que se mostra incômodo à vaidade feminina, mas que é passageiro.
A gravidez é um sonho para muitas pessoas, mas não conseguir engravidar pode ser um grande teste emocional, um processo cheio de pressões e ansiedades. Torna-se imprescindível que o médico informe bem seus pacientes e lhes aponte todos os caminhos possíveis – até mesmo seus limites. Por isso, as competências de um especialista em medicina reprodutiva podem ser decisivas para o bem estar de todos os envolvidos no tratamento.
Dr. Mauricio Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.