O ciclo da fertilidade da mulher: o fundamento do planejamento familiar
Quando uma menina nasce, ela já vem ao mundo com a quantidade de óvulos que carregará durante toda a sua vida – nenhum novo óvulo será produzido. Em média, no quinto mês de gestação, o feto feminino tem cerca de 7 milhões de óvulos, que vão diminuindo ao longo da gestação até que, no momento do nascimento, esse número será reduzido para aproximadamente 2 milhões. Na puberdade, apenas cerca de 300 mil permanecem.
Nem todos esses óvulos têm potencial para serem fecundados. Muitos não amadurecem, ou seja, não chegam a ficar prontos para serem fertilizados. Ao longo da vida reprodutiva da mulher, estima-se que sejam liberados algo em torno de 400 óvulos – em geral, um em cada ciclo menstrual.
Isso significa que, à medida que a idade avança, após a primeira menstruação, a mulher vai perdendo progressivamente seus óvulos, até que todos desaparecem com a chegada da menopausa. A esse processo chamamos de menacme ou período fértil da mulher.
Diante disso, para quem precisa ou deseja adiar a decisão pelo início da maternidade, é importante pensar no planejamento familiar o quanto antes, pois a fertilidade feminina geralmente começa a ser mais impactada a partir dos 35 anos, quando há piora progressiva também da qualidade dos óvulos, além de sua quantidade.
Entendendo o ciclo menstrual e a fertilidade feminina
A menarca, chegada da primeira menstruação, marca o começo da vida reprodutiva da mulher. A duração de um ciclo menstrual é calculada entre o primeiro dia da menstruação e o primeiro dia do próximo ciclo. Ele é considerado regular quando dura entre 24 e 35 dias.
O ciclo menstrual é dividido em duas fases pela ovulação: folicular (antecede esta) e lútea (sucede esta). A fase folicular tem sua duração variável, conhecida individualmente pela média de ciclos daquela mulher. Tem início no primeiro dia do fluxo menstrual e é caracterizada pela ação do hormônio FSH (folículo estimulante) no ovário, onde um folículo (estrutura que abriga o óvulo) foi selecionado para se desenvolver, dentre o pool existente.
É neste período que, durante o crescimento folicular, o óvulo finaliza seu amadurecimento, propiciando futura fertilização. Quando este momento chega, o pico de produção hormonal, primeiro de estradiol e depois de LH (hormônio luteinizante), culmina com a ovulação (caracterizada pela rotura do folículo dominante e liberação do seu óvulo para a fecundação).
Esse é o evento primordial na determinação do período fértil da mulher e da regularidade do seu ciclo. Assim, entramos na fase lútea, com formação de um cisto após a ovulação, chamado corpo-lúteo, principal responsável pela produção hormonal de estradiol e progesterona da fase, hormônios imprescindíveis na implantação e fase inicial da gravidez e, na ausência dela, pela duração de 14 dias desta fase.
Nessa etapa do ciclo menstrual, o óvulo fica nas tubas uterinas por cerca de 24 horas, podendo ser fecundado ou não. Se for, tem-se a formação do embrião. Do contrário, o endométrio (tecido que reveste a parede interna do útero e onde o embrião se implanta para se desenvolver), descama, provocando a menstruação.
Ovulação e período fértil: chaves para o planejamento familiar
Entender as fases do ciclo menstrual é importante para quem pretende engravidar, pois ele está intimamente relacionado ao seu período fértil. Geralmente, é recomendada uma intensificação das tentativas nos dois a três dias antes e depois da ovulação. (Saiba como calcular seu período fértil acessando nosso blog: https://www.huntington.com.br/blog/como-calcular-o-periodo-fertil/ ).
Quando a mulher está ovulando, ela pode notar alguns sinais, como o espessamento e uma maior elasticidade do muco cervical, que ajuda o espermatozoide a se locomover pelo útero, sendo também um indicador para a mulher saber se ela está no período fértil. Além disso, podem surgir outros sinais, como aumento da temperatura corporal, leve sensação de peso nas mamas, dor leve na região pélvica e do abdômen e aumento do apetite e da libido. Esses sinais são úteis quando presentes, mas sua ausência não significa falta de ovulação.
Casais que desejam engravidar devem intensificar as relações sexuais durante essa fase, enquanto aqueles que desejam evitar a gravidez devem usar métodos anticoncepcionais
Controle da fertilidade: métodos e alternativas
Para os casais que pretendem ter filhos no futuro, é importante conversar sobre o planejamento familiar para que a decisão de engravidar ocorra no momento mais oportuno e desejado.
O planejamento familiar indica um conjunto de ações de regulação da fecundidade que podem auxiliar as pessoas a prever e controlar a geração e o nascimento de filhos. Ou seja, com ele, a família, um homem ou uma mulher, tem o direito de ter quantos filhos quiser, no momento que lhe for mais conveniente, com toda a assistência necessária.
Dicas para um planejamento familiar consciente e saudável
A necessidade de planejamento familiar não se limita apenas a momentos de doença. Ele também deve englobar aspectos sociais e financeiros, fundamentais para sustentar a opção pelo filho, preparando o futuro pai ou futura mãe para as mudanças que a chegada de um bebê acarreta.
A seguir, separamos algumas dicas para um planejamento familiar eficiente:
- Converse com o seu parceiro sobre o desejo de ter ou não filhos;
- Procure uma equipe de saúde de confiança para obter uma orientação adequada, tanto para quem pretende engravidar quanto para quem não quer ter filhos, passando por quem ainda não sabe se quer ter filhos;
- Cuide da saúde sexual e reprodutiva, comparecendo às consultas de rotina e realizando os exames solicitados pelo médico;
- Faça um planejamento financeiro, preparando-se para as despesas que você terá não só na gestação e no parto, mas em todos os cuidados que a criança exigirá ao longo dos anos;
- Faça o acompanhamento pré-natal para garantir a sua saúde e a do seu bebê.
Planejamento familiar X congelamento de óvulos
Como dito anteriormente, o planejamento familiar diz respeito a uma série de ações que contribuam para que a decisão de ter um filho ocorra no melhor momento da vida da pessoa, lembrando que, para as mulheres, esse momento é bem definido: uma gestação pode se tornar mais difícil para aquelas que pretendem engravidar após os 35 anos.
Para que uma gravidez tardia ocorra com segurança, existem tratamentos de preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos, que mantêm a qualidade dos óvulos da época em que foram congelados. Se a mulher optar pelo congelamento aos 20 anos, e quiser engravidar aos 40, os óvulos terão a mesma qualidade de 20 anos atrás.
O ideal é que o congelamento seja feito o quanto antes, objetivando melhor qualidade dos gametas e maiores perspectivas futuras de gestação. Caso a mulher se decida por não ter filhos, ela pode descartar ou doar seus óvulos.
A mulher, ao longo da vida, vai perdendo seus óvulos, o que vai tornando mais difícil uma gestação natural. Com um planejamento familiar eficiente, é possível pensar em tratamentos de preservação da fertilidade, como o congelamento de óvulos, para que a decisão reprodutiva seja bem planejada e possa ocorrer no momento certo.