As malformações uterinas ou mullerianas são alterações anatômicas do sistema reprodutor feminino. Essas alterações são congênitas, com início ao redor da 6a semana de formação embrionária intra-uterina, sendo muitas vezes perceptíveis apenas após o início dos ciclos menstruais.
As alterações uterinas são heterogêneas, podendo variar em sua complexidade, tanto diagnóstica quanto terapêutica, de acordo com o grau de acometimento uterino. Dentre elas, o septo uterino é o responsável por cerca de 40% destas malformações e pode afetar a cavidade endometrial (que reveste internamente o útero e pode afetar diretamente a implantação e manutenção de gravidez) parcial ou totalmente. Além dessa afecção mais comum, existem outras mais raras, como o útero unicorno, bicorno (uma ou 2 cavidades endometriais) até o mais raro que é o útero didelfo, onde ocorre a formação de 2 estruturas uterinas independentes.
Estão presentes em 3 a 5% da população geral, podendo atingir taxas mais altas (até 25%) em pacientes com histórico de aborto de repetição ou prematuridade, incluindo casos de incompetência istmo-cervical. Pacientes inférteis também apresentam uma prevalência mais alta destas patologias, podendo atingir cerca de 7 a 13% dos casais, como relatado em estudos recentes.
Atualmente, a ultrassonografia convencional é um bom método de rastreamento para tais alterações, sendo a ultrassonografia tridimensional ou a ressonância magnética os métodos diagnósticos de escolha, por sua especificidade na avaliação destas alterações, fornecendo informações que nos auxiliam no tratamento e, muitas vezes, no aumento das taxas de nascimento.
Dra. Luciene Kanashiro Tsukuda, médica especialista em reprodução assistida do grupo Huntington.