Recepção de gametas: como funciona e para quem é indicada

Os benefícios da recepção de gametas – maior chance de gravidez

Gametas são as células reprodutivas responsáveis pela formação de uma nova vida. Nos seres humanos, os gametas masculinos são os espermatozoides, e os femininos são os óvulos. Para que uma gravidez ocorra, óvulo e espermatozoide precisam se unir. Mas, para que isso efetivamente aconteça, tanto a mulher quanto o homem precisam estar com os seus sistemas reprodutores saudáveis.

Existem diversas condições, que podem impactar, em homens e mulheres, e que tornam mais difícil uma gravidez de maneira natural. Todas as causas precisam ser investigadas para que o médico especialista em reprodução humana possa sugerir o melhor tratamento. Em várias situações, a gestação só pode ser alcançada com a ajuda de tratamentos de reprodução assistida. E em algumas delas a gravidez só é possível quando o casal recorre à doação de gametas – óvulos ou espermatozoides.

Quais os benefícios da recepção de gametas?

A chamada recepção de óvulos ocorre quando uma mulher recebe, de forma anônima e altruística, óvulos produzidos por outra mulher. E a recepção de espermatozóides, pode ser através dos bancos de sêmen, que recebem e congelam material de homens jovens e saudáveis, cadastrados também de forma anônima. Ambos os gametas também podem ser doados por um parente de até 4º grau, desde que não seja consanguíneo com o receptor.

A opção pela gravidez por meio da recepção de gametas pode se dar em algumas situações, como:

  • Má qualidade dos óvulos ou dos espermatozoides;
  • Pessoas com doenças genéticas na família;
  • Casais homoafetivos masculinos ou femininos;
  • Falência ovariana ou menopausa precoce;
  • Pessoas que desejam ter filhos de forma solo;
  • Idade avançada da mulher e menopausa.

O que diz a lei sobre a recepção de gametas

Resolução nº 2.320/2022, do Conselho Federal de Medicina (CFM), determina que a gestação por meio da doação de óvulos e espermatozoides respeite algumas normas. São elas:

  • A doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial;
  • Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa, exceto na doação de gametas ou embriões para parentesco de até 4º (quarto) grau, de um dos receptores (primeiro grau: pais e filhos; segundo grau: avós e irmãos; terceiro grau: tios e sobrinhos; quarto grau: primos), desde que não incorra em consanguinidade;
  • Deve constar em prontuário o relatório médico atestando a adequação da saúde física e mental de todos os envolvidos;
  • As clínicas, centros ou serviços onde são feitas as doações devem manter, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral e características fenotípicas, de acordo com a legislação vigente;
  • É permitida a doação voluntária de gametas, bem como a situação identificada como doação compartilhada de oócitos em reprodução assistida, em que doadora e receptora compartilham tanto do material biológico quanto dos custos financeiros que envolvem o procedimento;
  • A escolha das doadoras de oócitos, nos casos de doação compartilhada, é de responsabilidade do médico assistente. Dentro do possível, o médico assistente deve selecionar a doadora que tenha a maior semelhança fenotípica com a receptora, que deve dar sua anuência à escolha;
  • A responsabilidade pela seleção dos doadores é exclusiva dos usuários quando da utilização de banco de gametas ou embriões.

Em relação à gravidez pela doação de espermatozoides, as características do doador de sêmen (grupo sanguíneo, cor da pele, altura, peso, cor dos olhos e cabelos, entre outras) são apresentadas em uma lista fornecida pelo Banco de Sêmen. O doador pode ser escolhido pela semelhança com o próprio paciente.  As amostras de sêmen são analisadas, congeladas e mantidas em quarentena no Banco de Sêmen por seis meses, quando serão analisadas novamente para a presença de doenças infecciosas e sexualmente transmissíveis. Somente as amostras com todos os testes negativos são liberadas para doação, quando solicitado o descongelamento para o tratamento de fertilização in vitro (FIV).

Vale lembrar que tanto o homem quanto a mulher, doadores de gametas, passam por uma série de exames que atestam sua saúde e seu histórico pessoal e familiar antes de se tornarem doadores.

Terei maiores chances de engravidar?

Sim. A recepção de gametas aumenta as chances de gravidez para os casais ou pessoas que se encontram nas situações citadas anteriormente. No caso da doação de óvulos, é importante ressaltar que, neste tipo de tratamento, o importante é a idade do óvulo e não a idade do útero que vai recebê-lo.

Para a mulher, uma das principais vantagens de engravidar por meio da ovodoação é poder se tornar mães com idade mais avançada, até 50 anos, desde que apresentem boa saúde para gestação. Como a doadora tem menos de 37 anos, a taxa de gravidez para as mulheres receptoras é a mesma. Isso significa que a mulher que vai receber os óvulos pode engravidar mais tardiamente, porém, ela precisa ser informada sobre os riscos que uma gravidez em idade mais avançada pode trazer a ela e ao bebê.