Fertilização in vitro: como evoluiu no século XXI

Como a fertilização in vitro evoluiu no século XXI?

A fertilização in vitro (FIV) é uma das técnicas de reprodução assistida que mais tem avançado na medicina nas últimas décadas.

O método ficou mundialmente conhecido com o nascimento do “bebê de proveta”, na Inglaterra, no fim da década de 1970. No Brasil, o primeiro caso aconteceu em 1984, introduzindo a técnica na América Latina.

Desde esse marco, muita coisa mudou. A FIV deixou de ser apenas um experimento e se tornou realidade para muitos pais que sonham com a chegada do bebê.

No Brasil, o número de procedimentos realizados em 2016 quase dobrou em relação aos anos anteriores, segundo dados do Conselho Federal de Medicina.

O século XXI tem sido testemunha de inúmeras descobertas e avanços.

Diversos quadros de infertilidade feminina e masculina já são reversíveis por meio de tratamentos os mais diversos, e as taxas de sucesso alcançadas com essa técnica de reprodução assistida são significativas.

A própria legislação também vem se adequando a essas novas demandas, no intuito de atender e acolher os mais diversos tipos de arranjos familiares.

Saiba mais sobre como a fertilização in vitro vem evoluindo desde os anos 2000.

Números que crescem em todo o mundo

Estima-se que, em todo o mundo, mais de meio milhão de crianças nasçam através de fertilização in vitro (FIV) a cada ano, segundo dados da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). No continente europeu, a Espanha é o país que mais realiza o tratamento, chegando a quase 120 mil ciclos.

Os Estados Unidos é recordista em nascimentos por meio do procedimento, chegando a 77 mil de um total de 263 mil ciclos realizados em 2016. O Brasil ainda fica um pouco atrás, contabilizando 36 mil no ano passado.

Principais descobertas

O início dos anos 2000 foi marcado pelo desenvolvimento de uma técnica que revolucionou a reprodução assistida: a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). A técnica foi desenvolvida alguns anos antes, em 1992, mas só com a virada do século que se popularizou.

A ICSI é utilizada em casos de infertilidade masculina grave, e consiste na introdução de um único espermatozoide dentro do óvulo. Até então, a maioria dos procedimentos de fertilização in vitro (FIV) em que o fator masculino era severo era realizada com gametas masculinos de bancos de doadores.

O congelamento de embriões por vitrificação foi outro marco. Com a técnica, houve uma considerável redução de taxas de risco e a preservação da qualidade dos embriões. Isso porque eles chegam a baixas temperaturas de forma muito mais rápida do que com as formas convencionais, como o congelamento lento.

O primeiro procedimento realizado no Brasil data de 2005.

Em 2014, na Suécia, houve o primeiro nascimento a partir de um útero transplantado. O órgão foi doado por uma amiga próxima da família da receptora, de 61 anos, que já não se encontrava mais em idade fértil.

O experimento, que vinha sendo realizado desde 2013, tem como alvo mulheres que nasceram sem útero ou que precisaram retirá-lo por causa de tratamentos como o câncer ou miomas.

Pioneirismo da ciência brasileira

A Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (USP) entrou para a história em 2017, quando realizou o primeiro nascimento a partir de útero transplantado de cadáver, no Hospital das Clínicas.

Inédito no mundo, o procedimento foi realizado em uma mulher que nasceu sem o útero em função de uma doença congênita.

A gravidez resultou da técnica de fertilização in vitro (FIV), e o bebê nasceu perfeitamente saudável. O novo procedimento abre caminho para inúmeros casos de infertilidade feminina que, por muito tempo, pareciam sem solução para a ciência.

No mesmo ano, dados do Registro Latino-Americano de Reprodução Assistida (REDLARA) atestaram outra grande evolução, o aumento de ciclos de FIV realizados apenas com um embrião.

A diminuição do número de embriões introduzidos no útero é proporcional à menor taxa de gestação múltipla, que pode representar riscos para as mães e os bebês.

No Brasil, houve um aumento de 50% no total de ciclos assim realizados.

Casais homoafetivos

Além de todas as vantagens que enumeramos, o desenvolvimento da fertilização in vitro (FIV) também permitiu que casais homoafetivos tivessem filhos biológicos. Segundo as normas do Conselho Federal de Medicina (CFM), o método pode ser utilizado independente da orientação sexual do paciente.

A legislação garante todos os direitos a homens e mulheres que decidam gerar seus filhos a partir desse método, como registro, licença maternidade e paternidade e herança.

Como vimos nesse post, a fertilização in vitro (FIV) é uma das técnicas de reprodução assistida que mais tem evoluído nas últimas décadas. Diversos experimentos e descobertas científicas têm possibilitado que o sonho da chegada de um bebê se torne realidade para muitas famílias.